Um dos maiores debates em História é saber que os acontecimentos estavam pré-determinados ou se tudo poderia ter acontecido de outra maneira. Quando olhamos de longe, parece que tudo já estava “escrito”. Mas no momento tem decisões, tomadas por responsáveis individualmente ou por povos, coletivamente, que podem mudar o futuro.
Não admira que muitos olhem para determinados momentos, e para certos responsáveis políticos, militares ou religiosos, e vejam pessoas com o perfil de jogador. Que, em um certo momento, arriscam a sorte e viram as cartas como se estivessem jogando blackjack ou outro jogo de fortuna. E o resultado muda a História. Veja em seguida o top 10 de maiores cartadas políticas da História mundial.
Júlio César: atravessar o Rio Rubicão
É dado como certo que Júlio César estava destinado a derrubar o Senado e a República Romana para virar o primeiro imperador de Roma. Mas quando ele decidiu a atravessar o rio Rubicão com seu exército, o que na prática significava que o Senado passaria a encará-lo como um inimigo, a jogada era incerta. Daí ele teria dito: “alea jacta est” (“a sorte está lançada”), provérbio que ficou famoso. Já não podia voltar atrás. Deu certo – pelo menos nesse momento.
D. João II de Portugal: Tordesilhas
No final do século XV, Portugal e Espanha estavam dividindo os territórios descobertos. Estava sendo planejada uma linha norte-sul passando 100 milhas a oeste de Cabo Verde. Mas o rei português mudou de ideia e insistiu numa linha 370 milhas a oeste dessas ilhas. Não se sabe se foi intuição ou se seus navegadores já tinham transmitido informações secretas. O fato é que essa mudança, inscrita no tratado de Tordesilhas, determinou que o futuro do Brasil fosse português.
Thomas Jefferson e a compra da Luisiana
Em 1803, não estava previsto que os Estados Unidos se expandissem para Oeste. Mas o imperador Napoleão Bonaparte sugeriu vender toda a área “francesa” da região. O pai fundador Thomas Jefferson mudou de ideia e enfrentou adversários e aliados políticos para aceitar a compra. Venceu a resistência interna e mais que duplicou o território do jovem país, de uma vez só.
Napoleão: invasão da Rússia
Enviar 600 000 homens para derrubar o czar era, em 1812 uma jogada audaciosa para afirmar Napoleão como o governante supremo da Europa. Mas o inverno de Moscou fez com que tudo corresse mal. Apenas 20 000 voltaram ao ponto de partida.
Paraguai: acesso ao mar
Em 1854, o presidente Solano López tinha uma visão clara de um Paraguai com acesso ao mar, para isso teria que conquistar terras onde seu principal rio atravessa. Mas a tríplice aliança, Uruguai, Argentina e Brasil acabou com seus planos. A jogada ocorreu terrivelmente mal, para si próprio e para o seu país. Estima-se mais 300.000 paraguaios mortos, incluindo Solano.
Alemanha: Plano Schlieffen
Em 1914, os avanços tecnológicos eram compreendidos de uma forma tão errada que o general Schlieffen achava que a Alemanha teria mais hipóteses de vencer uma guerra contra a França e a Rússia combinadas do que se a guerra começasse apenas contra uma delas. Em agosto, a Alemanha apostou numa derrota rápida da França, mas tudo falhou. Os quatro anos seguintes seriam de uma guerra paralisante contra essas potências e a Grã-Bretanha.
Hitler: invasão da Rússia
Conta-se que os generais alemães ficaram totalmente apavorados quando Hitler lhes disse, em 1941, que iriam repetir a jogada de Napoleão em 1812. A invasão a Rússia acabaria do mesmo jeito, em fracasso.
Churchill e o “Novo Mundo”
Em 1940, muitos no Reino Unido queriam tentar uma paz separada com Hitler. Mas Churchill resistiria “até que o novo mundo avançasse para salvar o velho”. Ele confiava numa futura intervenção dos Estados Unidos a seu lado. Ela veio no ano seguinte.
Saddam Hussein: invasão do Kuwait
Depois de uma longa guerra contra o Irã, o presidente do Iraque, Saddam Hussein achava que o pequeno Kuwait (e seus poços de petróleo) poderia ser uma compensação lógica. Mas se deu mal, pois os Estados Unidos pensaram de forma diferente.
David Cameron: referendo à saída do Reino Unido da União Europeia
O primeiro-ministro inglês considerava que o referendo seria uma boa forma de consolidar seu poder. Mas esse lançamento de dados não podia ter tido um resultado pior. Terminou com sua carreira política e, no processo, diminuiu imensamente a influência internacional de seu país.